1.º Centenário do nascimento do Padre Benjamim Salgado (por: J. Barroso)

12-03-2016 23:59

(Momento de homenagem ao Padre Benjamim Salgado, no 8.º Encontro da AAAEDF, 12/03/2016)

O estimado Padre Benjamim Salgado (1916-1978)e abnegado presidente da associação dos antigos alunos quis pegar em mim para que, neste oitavo encontro, não deixássemos de assinalar os cem anos de nascimento do nosso querido mestre Padre Benjamim Salgado...

Entendi introduzir esta homenagem de família a quem da nossa família académica é, de referência superlativa, escolhendo a nota preambular com que comecei este testemunho, procurando o verbo que levasse até vós uma síntese de um homem autêntico e de um exemplo supremo.

Não posso, contudo, contertar-me com esta síntese e não deixar mais alguns apontamentos sobre o Padre Benjamim Salgado, que este ano vai finalmente ter a grande homenagem que merece, promovida pela autarquia e pela arquidiocese de Braga (continuando a faltar a nível nacional)...

Interessa-nos esta personalidade, também, e muito, pela parte afetiva.

O Padre Benjamim Salgado é, na opinião do sempre querido fundador do nosso colégio, o maior vulto nacional do século XX.

Esta análise vale, tanto mais, pelo muito que Aurélio Fernando conheceu do Padre Benjamim Salgado.

Por ventura ninguém o conheceu melhor do que o fundador do nosso colégio.

O Padre Benjamim Salgado foi o maior companheiro de viagem que Aurélio Fernando teve. Privou assaz com ele. Foi ele que o juntou por sacramento e voto divino, em Fátima, à sua esposa.

Foi sem dúvida um ser muito presente na vida do Doutor Aurélio, em momentos de muito lazer e de muito gesto cultural e social.

Ficou visivelmente ligado ao colégio por via do seu maior sómbolo: o Hino do Colégio.

Este canto ao aluno é uma união perfeita de música e de verbo.

De tal forma o penso que, o nosso hino, que já há muito deveria ser elevado a ptrimónio imaterial do nosso concelho, não poderia passar sem esta imperial oração musical, criada pelo padre Benjamim Salgado, para servir tamanha letra da autoria de Aurélio Fernando.

Nunco deixo passar uma oportunidade para falar do valor empolgante do nosso hino. Tenho-o feito um pouco só, embora compreenda que quem verdadeiramente se acolhe no colégio também sintam a essência suprema do nosso hino e o chamamento que ele nos faz para levar avante a missão educativa.

Cumprir o colégio é estar à altura de o compreender em todo o seu tesouro humano e icónico. E quem não enxergar esta riqueza certamente nunca sentiu os seus fundamentos e a espiritualidade do seu fundador. Não faz parte do tal nó de nós que se constituiu num autêntico nó górdio indesatável.

O padre Benjamim Salgado é um desses símbolos humanos do nosso colégio, cuja têmpera nunca o deixou vergar-se à medicridade À guisa do nosso fundador dele se poderá dizer que em tudo o que tocou deixou rosto de sonho do tal querer de ir sempre mais além... e não foi coisa pouca.

Pedagogo, jornalista, historiador, musicólogo, orador e um homem político em todo o seu plural significado.

Como homem de intervenção social e jornalista (foi diretor do jornal O Correio do Minho), mostrou todo o seu carater interventivo e humanista sem que por vezes a sua oratória e a sua pena não deixassem de ser bem pesadas para mostrar a sua indignação perante o que mal ele entendia estar.

Como historiador, o padre Benjamim Salgado deixou um subsidio bibliográfico ímpar e pluridimensional para a compreensão da história do concelho.

Homem de música, foi excelso na direção de muitos coros e na composição de música sacra. A sua obra musical deveria ser publicada para dela dar-se conta devida.

Homem da polis que o foi e não só da Igreja, não deixou de participar no crescimento cultural e económico do concelho. Foi presidente da Câmara e, como vereador da Cultura, alavancou a biblioteca municipal.

Mas este grande homem era sobretudo um poeta em toda a sua praxis, elevando-se ao homem que Deus criou para até Ele chegar e cumprir-se assim o universo.

Todos os grandes homens são ainda mais lembrados por quem compreende e busca também o alto. E neste momento tenho a certeza que o Doutor Aurélio é dos que mais sofre com a ausência física do seu mais considerável companheiro de viagem.

 

J. Barroso, 12/03/2016