José Basílio Costa | aluno entre 1962 e 1965
Em boa hora o antigo aluno Bruno Marques teve a feliz ideia de escrever um livro recolhendo as memórias de vários alunos representativos de diversas gerações de ex-alunos do EDF, o nosso querido Colégio de Riba D'Ave.
É, portanto, o nosso colega Bruno Marques merecedor de toda a nossa gratidão e reconhecimento pela sua tão oportuna e feliz ideia. Assim peço a todo o auditório uma grande salva palmas para o Bruno.
Alguém disse que um Povo sem memória é um Povo sem História.
A mesma máxima se aplica com toda a propriedade ao EDF: um Colégio sem memória é um Colégio sem História.
Na vida das pessoas bem como na vida das instituições, a memória é tudo o que resta depois do seu desaparecimento físico.
Quando os nossos parentes mais próximos partem desta vida para o Além, dizemos que embora tenham morrido fisicamente, todavia permanecem vivos no nosso coração e na nossa memória.
O mesmo sucede com o nosso querido Colégio, o qual tendo "morrido" em circunstâncias dramáticas para as finalidades para que foi criado, resta-lhe a possibilidade de continuar bem vivo no nosso coração e na nossa memória.
Permitam-me agora libertar apenas um pouco das minhas memórias do nosso Colégio, já que no depoimento que enviei para o livro se encontram aquelas que considerei as melhores e mais felizes lembranças dos 3 anos em que frequentei o antigo 2° Ciclo Liceal (actuais 7°, 8° e 9° anos de escolaridade) no Colégio entre outubro de 1962 e julho de 1965, fazendo parte da turma fundadora mais antiga e mais avançada aquando da sua abertura.
Quando se fala no EDF emerge sem dúvida e com toda a propriedade a figura carismática e incontornável do seu emérito fundador e primeiro Director: o Dr. Aurélio Fernando Martins Pereira.
Permitam-me a este propósito citar um dos maiores poetas da Língua Portuguesa que na sua obra prima "Mensagem" escreveu o seguinte: " Deus quer, o homem sonha, a obra nasce".
Esta famosa frase do poema calça como uma luva na pessoa do Dr. Aurélio, pois Deus quis, o homem sonhou e a obra nasceu: o Colégio de Riba D'Ave.
Foi meu professor de Português, Francês e Religião e Moral e considero ter sido ele um Grande Mestre, sem dúvida alguma o meu melhor professor e que me marcou indelevelmente pela sua vasta bagagem de conhecimentos que ministrava com grande maestria e clareza.
Das minhas memórias de professores destaco ainda o Padre Benjamim Salgado, meu professor de Canto Coral e que me incutiu o gosto pela música, em particular pela música clássica dos grandes compositores como Mozart, Bach, Beethoven, Wagner, Vivaldi, etc.
O Dr. Álvaro Cohen, excelente professor de Inglês e dono de uma pronúncia "very british", responsável pelo meu gosto pela língua de Shakespeare.
Pela negativa conservo ainda a infeliz memória do professor mais calão e refractário de toda a minha vida de estudante, o Dr. João Pedro, director e meu professor de História, e que primava pelas ausências e meias aulas, já que chegava sempre muito atrasado e com pouco tempo para leccionar.
Das minhas memórias de colegas, conservo pela positiva a minha mini-turma dos fundadores mais antigos dos mais antigos do Colégio.
Uma pequena turma de 8 meninas e 2 rapazes, a saber:
As duas manas Cerqueira (Luísa e Josefina "Fina"), Manuela Aranha, M. Emília Marques, Iracema Ferraz, Inês Pereira, Marta Abigail e M. José Amaral. Mais tarde: Rosa Alberta, Arnaldina Abreu e Aurora Pinto Lisboa. Destas, 2 já partiram para o Além.
Dois rapazes no início: José Bahía e José Basílio Costa e mais tarde Jorge Pimenta.
Quando falo nos colegas da minha turma, não posso deixar de me lembrar de colegas de outras turmas com os quais mantive e ainda mantenho relação de uma boa amizade, e lamento com saudade muitos deles que já partiram.
É comum dizer-se que a memória das pessoas é muito curta.
Para preencher esta lacuna recorrente da gente comum relativamente ao nosso querido Colégio, nada melhor do que, sempre que possível, abrir este livro de Memórias e retroceder no tempo para remomerar os bons e menos bons momentos vividos no EDF.
E estou certo de que este livro ficará como testemunho indelével para as gerações vindouras dos nossos descendentes, garantindo deste modo a certeza de que o Colégio, embora fisicamente tenha morrido, permanecerá bem vivo no coração e na memória das pessoas.
Porque, recordar é viver...!
José Basílio Costa